Estação de neblinas, doce e fecunda!
Companheira íntima do sol, com ele vais,
Quando ele abençoa e inunda
De frutos as videiras junto dos beirais;
Pra vergar de maçãs a musgosa macieira
E a fruta por inteiro tornar madura
Pra inchar as cabaças, prà avelã ficar gorda
Com uma doce amêndoa; há flores com fartura
Pra que a abelha as tenha sempre que queira
E pense haver dias quentes a vida inteira,
Pois o verão seus favos pegajosos transborda .
Quem não te viu já de fartura rodeada?
Às vezes, quem te procura sob outros céus,
No chão dum celeiro encontra-te descuidada,
O vento da limpeza ergue-te os cabelos.
Ou num rego meio-ceifado, em fundo torpor,
Tonta do perfume das papoulas, parada
A foice, junto da ceara a ceifar te demoras;
Às vezes, tens direita, qual rebuscador1,
A pesada cabeça, ao passar a ribeira;
Ou, junto de a prensa, observas tranquila
A cidra a gotejar no fluir das horas.
Que é das canções da Primavera? Onde hão-de estar?
Esquece-as, tua música também tem valor –
Nuvens orlam o dia morrendo devagar
Tingem os restolhos de sua rósea cor;
De os mosquitos a dorida serrazina,
Crescente, entre os salgueiros do rio se ouvia,
Diminuindo, se o vento fica mais brando;
Os cordeiros balem na próxima colina;
Cantam grilos, alto, mas cheios de harmonia,
Num quintal, pisco vermelho assobia,
E as andorinhas chilreiam nos céus em bando.
John Keats (1795-1821)
As produções exibidas estão registadas na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais e estão protegidas pelos Direitos de Autor.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
ODE AO OUTONO
Subscrever:
Mensagens (Atom)
-
São castanhos e afáveis Safiras e zircónias Brilhantes e luminosos, São de mel os olhos teus, seus whatever! Dourados e penetrantes Sorrid...
-
Estação de neblinas, doce e fecunda! Companheira íntima do sol, com ele vais, Quando ele abençoa e inunda De frutos as videiras junto dos be...
-
Gostava de morar na tua pele desintegrar-me em ti... : "Gostava de morar na tua pele desintegrar-me em ti e reintegrar-me não este exíl...