quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Internacional




De pé, ó vitimas da fome! De pé, famélicos da terra! Da ideia a chama já consome A crosta bruta que a soterra. Cortai o mal bem pelo fundo! De pé, de pé, não mais senhores! Se nada somos neste mundo, Sejamos tudo, oh produtores!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Senhores, patrões, chefes supremos, Nada esperamos de nenhum! Sejamos nós que conquistemos A terra mãe livre e comum! Para não ter protestos vãos, Para sair desse antro estreito, Façamos nós por nossas mãos Tudo o que a nós diz respeito!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Crime de rico a lei cobre, O Estado esmaga o oprimido. Não há direitos para o pobre, Ao rico tudo é permitido. À opressão não mais sujeitos! Somos iguais todos os seres. Não mais deveres sem direitos, Não mais direitos sem deveres!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Abomináveis na grandeza, Os reis da mina e da fornalha Edificaram a riqueza Sobre o suor de quem trabalha! Todo o produto de quem sua A corja rica o recolheu. Querendo que ela o restitua, O povo só quer o que é seu!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Nós fomos de fumo embriagados, Paz entre nós, guerra aos senhores! Façamos greve de soldados! Somos irmãos, trabalhadores! Se a raça vil, cheia de galas, Nos quer à força canibais, Logo verá que as nossas balas São para os nossos generais!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Pois somos do povo os activos Trabalhador forte e fecundo. Pertence a Terra aos produtivos; Ó parasitas deixai o mundo Ó parasitas que te nutres Do nosso sangue a gotejar, Se nos faltarem os abutres Não deixa o sol de fulgurar!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional !


Letra de Eugène Pottier (1871)

música de Pièrre Degeyter (1888)

Philantropocus


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

The Sandpiper to bring you joy


Ela tinha seis anos e conhecia numa praia perto de onde eu vivo. Quando entro em depressão vou até essa praia, que fica a 3 ou quatro milhas da minha casa. Ela estava a construir um castelo ou algo parecido, na areia. Tinha olhos azuis como o mar. “Olá”, disse ela. Eu respondi sem grande interesse em manter conversa nem reparando verdadeiramente nela.
“Estou a construir na areia”, disse ela. “Sim... e o que é?”, perguntei eu, fastidioso. “Não sei... só sei que gosto de mexer na areia”.
Sentir a areia era bom, de facto. Descalcei os sapatos e chapinhei os pés na areia.
Um sandpiper aterrou ali perto.
"Ele é uma alegria" disse a criança.
“É o quê?...”
"É uma alegria. A minha mãe diz que os sandpipers trazem alegria.
O pássaro foi descendo a praia, cantarolando uma melodia. “Adeus alegria”, murmurei eu para mim mesmo, “olá sofrimento”, e virei-me para seguir caminho. Eu estava mesmo em depressão. A minha vida parecia desequilibrada e descontrolada.
“Como se chama?”, perguntou a menina.
"Robert," respondi, "Robert Peterson."
"Eu chamo-me Wendy... Tenho seis anos."
"Olá, Wendy."
Ela gracejou "Você é engraçado!”.
Apesar do meu mau humor consegui sorrir, mas continuei a caminhar. Ela ficou onde estava, a cantarolar.
"Volte sempre, Mr. P," disse ela. "Voltaremos a ter outro dia de alegria”.
Depois de um dia terrível no trabalho cheguei a casa e pensei que encontrar um sandpiper talvez me alegrasse. Ali fui, procurando serenidade e sossego. Lá estava novamente a Wendy.
"Olá, Mr. P," cumprimentou ela. "Quer jogar?"
"Que jogo?" perguntei.
"Não sei. Escolha você."
"Pode ser charadas?" perguntei sarcasticamente..
“Eu não sei o que isso é”
“Então vamos só andar na areia”, disse eu.
Olhando atentamente para ela reparei na delicadeza da sua pele e de como esta criança parecia frágil. "Onde moras?", perguntei.
"Ali adiante". Ela apontou para uma casa de praia ali perto. Estranho, pensei eu, viver ali no inverno... "Onde é a tua escola?”, questionei.
"Eu não vou á escola. A minha mãe disse que estamos de férias”, respondeu.Ela foi falando, na maior parte do tempo coisas de criança, criancices. Na maior parte do tempo eu não estava com o pensamento ali, mas nos assuntos que me atormentavam e obcecavam. Quando nos despedimos, Wendy disse que tinha sido mais um dia de alegria.
Sentindo-me surpreendentemente melhor, eu concordei e disse que sim.
Três semanas depois eu corri para aquela praia em estado de quase pânico. Eu não estava nem sequer com vontade de cumprimentar a pequena Wendy. Queria estar sozinho, mais nada. Pareceu-me ter visto uma senhora no alpendre da casa de Wendy. Seria a sua mãe. A pequena apareceu de uma duna da praia. “Olha, se não te importas, hoje prefiro estar sozinho”, disse-lhe eu, de forma áspera e seca. Reparei que ela estava mais pálida e frágil que nunca. "Porquê?" perguntou ela.
Eu virei-me na sua direcção e respondi abruptamente: "Porque a minha mãe morreu!”.
Meu Deus, porque estava eu a dizer aquilo à criança?
"Oh," murmurou ela, "então hoje é um dia mau..."
"Sim," disparei eu, "e ontem, e antes de ontem e o dia anterior... Hei, deixa-me sozinho!" E desatei a correr para bem longe dela.
Cerca de um mês depois disso, sentindo-me culpado e envergonhado pela minha atitude para com aquela criança, fui até á praia. Tinha vindo a admitir que sentia a falta daquela inocente mas afável criança. Nesse dia ela não estava na praia. Dirigi-me à casa dela. Uma senhora jovem abriu-me a porta. “Olá, sou Robert Peterson. Notei a ausência da sua filha e pensei vir perguntar por ela”.
"Oh, o senhor é que é o Mr. Peterson, entre, por favor. A Wendy falou muito de si. Peço desculpa se permiti que ela o chateasse. Se ela o incomodou, por favor aceite as minhas desculpas.
"Não, de maneira nenhuma, ela é uma criança encantadora", disse eu, surpreedndido pelo facto de realmente pensar aquilo.
"Wendy morreu na semana passada, Mr. Peterson. Ela tinha leucemia. Talvez ela não lhe tenha dito...”
Fiquei atónito, perplexo, e senti um calafrio horrível.
"Ela adorava esta praia. Quando ela disse que queria vir para cá, não lhe podíamos dizer que não. Ela parecia melhorar muito aqui e tinha o que ela dizia serem dias felizes. Mas... nas últimas semanas ela desfaleceu muito..."
A sua voz foi-se engasgando, soluçando, Calou-se. De seguida levantou-se dizendo “Ela deixou algo para si. Vou buscar”.
Eu estava literalmente aparvalhado, paralisado. Não conseguia dizer o que quer que fosse. Sentia um nó na garganta e outro no estômago...
Ela entregou-me um envelope onde estava escrito simplesmente "MR. P" em caligrafia de criança. Dentro estava um desenho colorido, feito com lápis – uma praia amarela, um mar azul, e um pássaro castanho. Em baixo estava uma frase: “A SANDPIPER TO BRING YOU JOY” (um sandpiper para lhe trazer alegria).
As lágrimas soltaram-se desmesuradamente pela minha cara e o meu coração falou depois de tanto tempo esquecido de amar. “Desculpe! Desculpe! Sinto tanto, tanto...”, repliquei eu, vezes sem conta àquela senhora em frente de mim, que me abraçou naquela angústia e desespero. Chorámos até nos despedirmos.
O desenho está emoldurado num quadro no meu gabinete. Nele estão aquelas seis palavras, uma para cada ano de vida que aquela criança teve. Uma criança que, na sua linguagem, me falou de harmonia, coragem e amor incondicional. Uma criança com olhos azuis como o mar e cabelo cor da areia, que me ensinou a dádiva do amor.

Robert Peterson, in Morning Musings, de 19 de Fevereiro de 2004

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Clara Ferreira Alves à lá N'Expresso


Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam aotopo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheirospúblicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente facea um público acrítico, burro e embrutecido.Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 deAbril distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construçãoeconómica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estesúltimos, em atitude de gratidão passaram a esconder as verdadeirasnotícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade pofissional, atroco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados agente carenciada mas mais honesta que estes bandalhos.Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como OVERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podresforjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser oVERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilhaos despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro eembrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia(que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte aoensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio derecreio dos mafiosos.A justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca- Clara Ferreira Alves - ExpressoPortugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moralmuito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português sepreocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, dosecretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Osportugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo
"normal" e encolhem os ombros. Por uma vez gostava que em Portugalalguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não sefala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, empermanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que,nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada édefinitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia,foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou aocaso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destashistórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são oscriminosos ou quantos crimes houve.Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaçosde enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir deapurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final dahistória é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde ascoisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda emditadura.E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar esteestado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, doscomputadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real aomaior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, eesperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos àsescutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente aocaso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao SportLisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, deFátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grandeempresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João
Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretosarquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabempor ser investigados, julgados e devidamente punidos?Vale e Azevedo pagou por todos.Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência deLeonor Beleza com o vírus da sida?Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogadonum parque aquático?Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério doscrimes imputados ao padre Frederico?Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padreFrederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cujacabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios eenrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível,alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou acondenar alguém?As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico dacriança, contribuindo para a confusão desta investigação em que aPolícia espalha rumores e indícios que não têm substância.E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas ascrianças desaparecida antes delas, quem as procurou?E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos,alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o queaconteceu?Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que elareconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol,milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu
e porquê?E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negóciosescuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é queisso pára?O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz,apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha paraa sua filha.E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de terassassinado doentes por negligência? Exerce medicina?E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes decolarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, ésurda, muda, coxa e marreca.Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos sãoarquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados aoesquecimento.Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quemeram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam eabusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, vistoque os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças ,de protecções e lavagens , de corporações e famílias , de eminências ereputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação daverdade.

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa Clara Ferreira Alves - "Expresso"

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Zeca Forever


Como é que da política se chega à música e da música à consciência? Eu acho que as coisas podem estar ou não ligadas, depende do lado para onde estivermos virados. Mas o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar alibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado. José Afonso
Requiem por Luís P.




Remember when you were young, you shone like the sun.Shine on you crazy diamond.Now theres a look in your eyes, like black holes in the sky.Shine on you crazy diamond.You were caught on the crossfire of childhood and stardom, blown on theSteel breeze.Come on you target for faraway laughter, come on you stranger, you legend,You martyr, and shine!You reached for the secret too soon, you cried for the moon.Shine on you crazy diamond.Threatened by shadows at night, and exposed in the light.Shine on you crazy diamond.Well you wore out your welcome with random precision, rode on theSteel breeze.Come on you raver, you seer of visions, come on you painter, you piper,You prisoner, and shine!

Nobody knows where you are, how near or how far.Shine on you crazy diamond.Pile on many more layers and Ill be joining you there.Shine on you crazy diamond.And well bask in the shadow of yesterdays triumph, and sailOn the steel breeze.Come on you boy child, you winner and loser, come on you minerFor truth and delusion, and shine!


Wish u were here

Nobody knows where you are, how near or how far.Shine on you crazy diamond.Pile on many more layers and Ill be joining you there.Shine on you crazy diamond.And well bask in the shadow of yesterdays triumph, and sailOn the steel breeze.Come on you boy child, you winner and loser, come on you minerFor truth and delusion, and shine!

Sete de Copas